segunda-feira, 27 de junho de 2011

Um novo amor

O meu coração está nas tuas mãos.
Eu te peço perdão por te amar de repente.Embora o meu amor
seja uma velha canção nos teus ouvidos.Das horas que passei à sombra dos teus gestos
Bebendo em tua boca o perfume dos sorrisos. Das noites que vivi acalentando
Pela graça indizível, dos teus passos eternamente fugindo
Trago a doçura, dos que aceitam melancolicamente.
E posso te dizer, que o grande afeto que te deixo
Não traz o exaspero das lágrimas, nem a fascinação das promessas
Nem as misteriosas palavras, dos véus da alma...
É um sossego, uma unção, um transbordamento de carícias
E só te pede que te repouses quieta,
muito quieta. E deixes que as mãos cálidas da noite
encontrem sem fatalidade, o olhar estático da aurora.

Antes de amar-te, amor, nada era meu.Vacilei pelas ruas e as coisas:
Nada contava nem tinha nome: O mundo era do ar que esperava.
E conheci salões cinzentos, túneis habitados pela lua.
Hangares cruéis que se despediam,Perguntas que insistiam na areia.
Tudo estava vazio, morto e mudo, caído, abandonado e decaído,
Tudo era inalienavelmente alheio, tudo era dos outros e de ninguém,
Até que tua beleza e tua pobreza.De dádivas encheram o outono.

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